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Exposição Ser_Tão, com Peças da Dum Brasil, fica até 27/04, na AM Galeria de SP

Seres imaginados nessa terra, mas existentes em mundos paralelos, habitantes de espaços-tempos outros, aquém ou além da realidade ordinária, mesmo quando se encontram dentro desta, são o produto das mãos de artistas do semiárido integrantes da coletiva SER TÃO, que abre no dia 23 de março (sábado), na sede da AM Galeria em São Paulo.

Em cartaz até 26 de abril, a curadoria de Laymert Garcia dos Santos sobre a coleção de Pedro Olivotto (Dum Brasil) traz cerca de 75 obras de Aislan Pankararu, Antônio José de Dedé, Desali, Inácia Terezinha, Francisco Graciano, Geraldo Cabueta, Jasson, Jerônimo Miranda, Ratinho, Véio e Zé Bezerra. Na abertura, estarão presentes os artistas Ratinho e Zé Bezerra.

Segundo Laymert Garcia dos Santos, “O traço comum a quase todos os artistas reunidos nesta exposição é que eles figuram seres existentes em mundos paralelos, habitantes de espaços-tempos outros, aquém ou além da realidade ordinária, mesmo quando se encontram dentro desta. Portanto, o que aproxima esses artistas é a capacidade ou o dom de possuírem a chave de acesso, de conhecerem a abertura para os mundos dessas criaturas que eles trazem até nós”.

Ou seja, praticamente todos os nomes incluídos na exposição trabalham com figuras e elementos supra-humanos, místicos ou imaginários (à exceção de Geraldo Cabueta e Desali, que utilizam em seus trabalhos a figura humana). Em técnicas como a pintura, a escultura e o objeto, a forma pela qual são materializados esses seres extraordinários é orgânica, apropriando-se muitas vezes de elementos naturais como galhos e troncos.

Esses seres fantasiosos remetem à imaginação, à visualidade e à matéria-prima do semiárido brasileiro, uma região que em seu relevo e vegetação traz a tortuosidade e a imperfeição da vida que brota nas condições mais estéreis, abrangendo trechos dos estados de Minas Gerais, Bahia, Ceará, Alagoas, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte.

Para além da luta pela sobrevivência no Sertão, vinculada às condições geoclimáticas, as obras da coletiva afirmam a cosmogonia plural e rica desses imaginários diversos, que tomam a fauna e a flora resistentes para subverter sua materialidade.

Como diz o curador: “Tais mundos são indissociáveis dessas terras, de suas gentes, de suas vidas – é lá que eles existem… Mas a surpresa e o encantamento se intensificam quando nos damos conta da riqueza e da variedade da manifestação. […] Daí a constatação: o que se expõe é o imaginário superlativo das gentes da terra – o Sertão é SER TÃO”.

 

O CURADOR

Laymert Garcia dos Santos (Itápolis, SP, 1948) Ensaísta e Professor Titular na área de Sociologia da Tecnologia na Unicamp São Paulo. Doutor em Ciências da Informação pela Universidade de Paris 7. Publicou livros e ensaios nas áreas de arte contemporânea, cultura e tecnologia, no Brasil e no exterior. Com Peter Weibel e Peter Ruzicka, foi Diretor Artístico da ópera multimídia Amazonas – Teatro-Música em Três Partes, (estreia em Munique, 2010). Realizou curadorias, sendo a última a exposição Mundo do Meio, de Caio Reisewitz, na Luciana Brito Galeria (SP, 2023).

 

 OS ARTISTAS

Aislan Pankararu (Petrolândia, PE, 1990) Originário do povo Pankararu, Aislan se formou em medicina. Autodidata, decidiu se dedicar à carreira artística em 2019. Usa elementos tradicionais da pintura corporal de seu povo em desenhos e pinturas sobre papel kraft e tela, cheias de movimento, evocando a riqueza visual e simbólica dos Pankararu a fim de ressaltar a luta e resistência de seu povo.

 

Antônio José de Dedé (Lagoa da Canoa, AL, 1953) Filho do falecido mestre Antônio de Dedé, dedica-se tanto à pintura em telas quanto ao entalhe em madeira, explorando temáticas regionais como a religiosidade e a cultura popular. Para suas obras em madeira, usa materiais como jaqueira, cedro e castanhola, sempre de origem sustentável, proveniente de árvores já mortas ou secas.

 

Desali (Belo Horizonte, MG, 1983) Warley de Assis Rodrigues é formado e pós-graduado em Artes Plásticas pela Escola Guignard (UEMG). Seu trabalho transita por múltiplas linguagens, como a fotografia, a ação performativa, o vídeo e a pintura, que tem sido sua principal expressão, abordando temas como o cotidiano na periferia e a realidade dos jovens negros no Brasil.

 

Francisco Graciano (Juazeiro do Norte, CE, 1965) Encontrou sua vocação artística na natureza que o cerca. Filho do renomado escultor Manoel Graciano, desde a infância explorava a madeira, influenciado pela conexão com a mata e seus habitantes. Esse vínculo precoce com o mundo da arte o levou a seguir os passos do pai, dedicando-se ao entalhe e à pintura de peças que habitam seu imaginário.

 

Geraldo Cabueta (Juazeiro do Norte, CE, 1945-2019) Alcançou reconhecimento póstumo com sua primeira exposição de esculturas, e encontrou a vocação artística após experiências pessoais marcantes: ao perder sua primeira esposa, iniciou um relacionamento com uma mulher ligada ao comércio de santos e ex-votos, que despertou nele o interesse pelo artesanato em madeira.

 

Inácia Terezinha (Diamantina, MG, 1980) Com uma mão, ela segura o tecido, enquanto a outra mergulha a agulha no pano para criar formas que celebram a poesia do cotidiano. Busca inspiração nas crianças e nas cantigas de ciranda, no vento que dá asas à pipa, no ipê amarelo que vira palco de estripulias, na pedra que escuta o murmúrio das lavadeiras, no diálogo entre os corpos do rio e da mulher.

 

Jasson (Belo Monte, AL, 1954) Jasson Gonçalves da Silva emergiu como um talentoso artesão brasileiro, cujas peças são agora desejadas por colecionadores e admiradores de todo o país. Criado desde a infância em meio às atividades rurais, cultivando campos e criando animais, Jasson desenvolveu uma intimidade com a madeira que se revelou fundamental em sua jornada artística.

 

Jerônimo Miranda (Atalaia, AL, 1961) Nascido Luiz Jerônimo Camelo Cabral, é artista autodidata, pesquisador e colecionador. Desde os anos 1970, mora em Maceió, onde mergulhou em várias técnicas artísticas, destacando-se na pintura e na tapeçaria. Sua arte reflete sua profunda conexão com a natureza, uma influência enraizada em sua formação em agropecuária e no convívio com o povo.

 

Mestre Ratinho (Caruaru, PE, 1986) Rafael Costa Pereira cresceu próximo ao Rio Ipojuca, onde em criança teve contato com o barro, esculpindo suas primeiras figuras. Aos 12 anos, ao ver uma máscara na feira, descobriu sua paixão pela arte nesse material. Seu estilo autêntico e sua técnica, com o uso de forno elétrico para a queima, destacam-no como um artista singular no cenário do Alto do Moura.

 

Véio (Nossa Senhora da Glória, SE, 1948) Desde a infância, sua predileção por ouvir histórias dos mais velhos rendeu a Cícero Alves dos Santos o apelido. Autodidata, sempre usou o folclore nordestino e a vida sertaneja como temas de suas esculturas. Explorando inicialmente materiais como cera de abelha e barro, logo se dedicou à escultura em madeira, aproveitando materiais descartados.

 

Zé Bezerra (Buíque, PE, 1952) José Bezerra tem uma trajetória marcada pelas atividades que a pobreza lhe impôs, como lavrador e trabalhador braçal, que moldaram sua relação com a arte. A inspiração para a escultura veio em um sonho que o convocava a ser artista. A partir de então, passou a olhar as madeiras ao redor de forma diferente, buscando nas formas naturais as figuras que esculpiria.

 

SERVIÇO

Exposição SER TÃO

Curadoria de Laymert Garcia dos Santos

Expografia de Deborah Oliveira Caseiro e Julio Shalders

Abertura: 23 de março de 2024 (sábado), das 10h às 17h

Até 26 de abril de 2024

Onde: AM Galeria ( Av. Nove de Julho 4865, 1A, Itaim Bibi, tel. 11.3071-2770)

Funcionamento: segunda a sexta, 10h às 19h; sábado, 10h às 14h

Entrada franca

 

www.amgaleria.com.br

https://www.instagram.com/amgaleriadearte/

 

Texto Release: Luciana Pareja Norbiato

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